Oi gente estou trazendo a vocês um poema de Fernando Pessoa. O poema não tem nome, mas gostei muito.
Chove? Nenhuma chuva cai...
Então onde é que eu sinto eu um dia
Em que ruído da chuva atrai
A minha inútil agonia?
Onde é que chove, que eu não ouço?
Onde é que é triste, ó claro céu?
Meu ser é a invisível curva,
Traçada pelo somado vento...
Eis que ante do sol e o azul do céu do dia,
Como se a hora me estorvasse,
Eu sofro... E a luz e a sua alegria
Cai aos meus pés como um disfarce.
Ah, na minha alma sempre chove.
Há sempre escuro dentro de mim.
Se escuto, alguém dentro de mim ouve
A chuva, como a voz de um fim...
Quando é que serei da tua cor,
Do teu plácido e azul encanto,
Ó claro dia exterior,
Ó céu mais útil que o meu pranto?
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
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